verbete: 'filho'
s.m. estender/de si/um fio.
16.1.09
suave melancolia
O sol, em dias tristes,
põe-se como em um funeral:
vai...morosamente...
desmanchando-se em vermelhos vários
lágrimas de sangue
reverência à tristeza do mundo.
Uma tarde apenas basta
para uma alma abrir-se,
de repente,
dissolvendo-se no ambiente
triste de um domingo à tarde.
põe-se como em um funeral:
vai...morosamente...
desmanchando-se em vermelhos vários
lágrimas de sangue
reverência à tristeza do mundo.
Uma tarde apenas basta
para uma alma abrir-se,
de repente,
dissolvendo-se no ambiente
triste de um domingo à tarde.
antiquimeriana
De longe o som de festa inebria o espaço,
convidativo;
crianças em cirandas infinitas esvaem-se,
gigantescas;
frondosas árvores balançam e assombreiam,
humilíssimas...
surgem seus frutos.
Amigos e sonhos preenchem a casa
A feliz simplicidade felicidade.
convidativo;
crianças em cirandas infinitas esvaem-se,
gigantescas;
frondosas árvores balançam e assombreiam,
humilíssimas...
surgem seus frutos.
Amigos e sonhos preenchem a casa
A feliz simplicidade felicidade.
Arché
Quero desmistificar o pó
dele fazer brotar a idéia;
do chão criar o espaço
e nele pulsar a (anti) matéria.
Quero cristalizar o sonho
humanizar o inerte
plano que separa e define
à alma que diverte
moldar o mundo que incita
paladar, ouvido, cheiro, luz e pele...
Do gesto-traço ao sentimento
da intenção ao concreto
percorrer livre o árduo caminho
e dar forma ao eterno: arquiteto.
dele fazer brotar a idéia;
do chão criar o espaço
e nele pulsar a (anti) matéria.
Quero cristalizar o sonho
humanizar o inerte
plano que separa e define
à alma que diverte
moldar o mundo que incita
paladar, ouvido, cheiro, luz e pele...
Do gesto-traço ao sentimento
da intenção ao concreto
percorrer livre o árduo caminho
e dar forma ao eterno: arquiteto.
branco
o papel vazio
divaga sobre o infinito.
o poema escrito,
por reles que seja,
distrai o papel.
o infinito,
mosaico de possibilidades,
transborda...
o poema
acena...
sarcástisco.
divaga sobre o infinito.
o poema escrito,
por reles que seja,
distrai o papel.
o infinito,
mosaico de possibilidades,
transborda...
o poema
acena...
sarcástisco.
o poeta ao ser poeta
O poeta ao ser poeta
não dispõe de palavras -
delas se despe.
Ao fim do poetar
desfalece-se, nu.
Nu e vazio, pois se derramou:
vazio do poeta que a pouco
o arranhara por dentro...
Pleno no vazio do corpo
que ejaculou o poema.
não dispõe de palavras -
delas se despe.
Ao fim do poetar
desfalece-se, nu.
Nu e vazio, pois se derramou:
vazio do poeta que a pouco
o arranhara por dentro...
Pleno no vazio do corpo
que ejaculou o poema.
(sem título)
o poema átomo
se divide
e alcança o poema nada,
aquele nunca dito
nem escrito.
aquele esquecido na rua
o poema-pó
ame.
se divide
e alcança o poema nada,
aquele nunca dito
nem escrito.
aquele esquecido na rua
o poema-pó
ame.
Corpografia*
Meu corpo inscrito pela cidade.
Em minha pele pode ser lida
uma cartografia discreta:
daquela rua recebi certa curva nas costas
desta praça, um assombramento
da vitrine, o olhar cabisbaixo...
Nunca andei por estas esquinas;
dancei deveras.
No trem que nunca embarquei
me esfrego diariamente;
o primeiro pó que ventou a primeira casa
respiro.
Esta urbe vive,
nem memória
nem alma.
É meu corpo ali gemendo
sob a sova dos espaços
cruz inevitável
herança
de cada pedra que pisei.
Habito a mim mesmo minha terra mundo adentro.
(*publicado no livro "Experimentando a vida: cotidiano, esperanças e sensibilidades", edUFU)
Em minha pele pode ser lida
uma cartografia discreta:
daquela rua recebi certa curva nas costas
desta praça, um assombramento
da vitrine, o olhar cabisbaixo...
Nunca andei por estas esquinas;
dancei deveras.
No trem que nunca embarquei
me esfrego diariamente;
o primeiro pó que ventou a primeira casa
respiro.
Esta urbe vive,
nem memória
nem alma.
É meu corpo ali gemendo
sob a sova dos espaços
cruz inevitável
herança
de cada pedra que pisei.
Habito a mim mesmo minha terra mundo adentro.
(*publicado no livro "Experimentando a vida: cotidiano, esperanças e sensibilidades", edUFU)
pequeno dicionário de exercícios poéticos
verbete: 'raio'
s.m. 1. trinca fugaz/transfusão de luz; 2. estria no couro do olho/que morre logo, sem esperança; 3. objeto sem peso cuja queda/gera enorme estrondo.
verbete: 'canoa'
s.f. ferida constante que/ferindo/se apaga no rio.
s.m. 1. trinca fugaz/transfusão de luz; 2. estria no couro do olho/que morre logo, sem esperança; 3. objeto sem peso cuja queda/gera enorme estrondo.
verbete: 'canoa'
s.f. ferida constante que/ferindo/se apaga no rio.
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