espero o poema
como quem não está esperando coisa alguma
(des-espero o poema)
sem aviso ou hora marcada
uma frase torna-se um embrião de poema -
como se a fecundação ocorresse silenciosa
entre as relações cotidianas -
ou como se estivesse diante de mim
acenando e gritando
para que eu acorde da denotação.
acordo com
contrações de parto
(qual o microscópio que revela as divisões das palavras?)
dou à luz o poema.
cortado o cordão umbilical
o pego no colo:
o sorriso misterioso
o peso adequado
a respiração musical
o queixo do pai
me causam grande satisfação.
adormeço.
(e enquanto durmo
o poema foge do hospital
ganha as ruas
e vai viver
entre as flores e a violência)
27.6.12
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3 comentários:
BONITO DEMAIS PRA FALAR ALGO...
Você tem que por esse no livro!
Quase ginecológico esse poema. Adorei ele todo, mas em especial quando pergunta: qual o microscópio que revela as divisões das palavras?
Às vezes me pergunto isso.São tantas as possibilidades...
Ótimo.
Abraço
Ana
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