1.
montar um retrato sonhado do poeta que gostaria de ser.
tecer minha própria colcha de retalhos como uma biografia de aquecer no inverno
naquelas noites vazias, frias, quando até o desespero toma café.
um mosaico estranho, uma planície de promontórios definidos, os poetas que admiro.
não o ponto firme da mão experimentada na lida têxtil, mas o rápido alinhavo de certas penas
encharcadas em tinta, embebidas nos poetas que tenho, bibelôs fantásticos,
uma colcha frouxa onde cada trapo - sempre único - tenha espaço para suas inspirações e expirações:
de vocábulos, coloquialismos, lirismos, pedras rombudas, verbetes laminosos, frases, espasmos,
etc etc etc etc
desenhar como premeditar uma coleção contraditória de olhares, união de inconciliantes
buscar, entre os grãos, aqueles que, ao roçar do pé, produzem não cócegas
mas reviravoltas no estômago, desilusões na pele e um certo desamparo
(daqueles de quem perdeu a esperança... ou o telefone celular).
2.
joão cabral:
mineralizar cada gota de lirismo, sem culpa ou ressentimento.
manoel de barros:
do eu petrificado brotar gerânios ou gavetas, nascedouro infinito de futilidades necessárias.
leminski:
reduzir cada verso na prensa da ironia, voltar os frutos às sementes.
rilke:
escravizar a vontade de agradar, morrer de fome lingüística dentro do dicionário.
drummond:
lentamente caminhar sobre o dia, sujo de pó e de saudade.
3.
formar-se-á então um plano homogêneo,
de matéria densa, indetectável,
incessante fluir cuja meta é não haver nenhuma
tê-la ciranda extravagante, samba-canção de imagens,
universo canibal de palavras, ema insaciável,
arrota e defeca um supra alimento, um contrassenso digestivo.
4.
daqui, apenas eu -
admirado.
montar um retrato sonhado do poeta que gostaria de ser.
tecer minha própria colcha de retalhos como uma biografia de aquecer no inverno
naquelas noites vazias, frias, quando até o desespero toma café.
um mosaico estranho, uma planície de promontórios definidos, os poetas que admiro.
não o ponto firme da mão experimentada na lida têxtil, mas o rápido alinhavo de certas penas
encharcadas em tinta, embebidas nos poetas que tenho, bibelôs fantásticos,
uma colcha frouxa onde cada trapo - sempre único - tenha espaço para suas inspirações e expirações:
de vocábulos, coloquialismos, lirismos, pedras rombudas, verbetes laminosos, frases, espasmos,
etc etc etc etc
desenhar como premeditar uma coleção contraditória de olhares, união de inconciliantes
buscar, entre os grãos, aqueles que, ao roçar do pé, produzem não cócegas
mas reviravoltas no estômago, desilusões na pele e um certo desamparo
(daqueles de quem perdeu a esperança... ou o telefone celular).
2.
joão cabral:
mineralizar cada gota de lirismo, sem culpa ou ressentimento.
manoel de barros:
do eu petrificado brotar gerânios ou gavetas, nascedouro infinito de futilidades necessárias.
leminski:
reduzir cada verso na prensa da ironia, voltar os frutos às sementes.
rilke:
escravizar a vontade de agradar, morrer de fome lingüística dentro do dicionário.
drummond:
lentamente caminhar sobre o dia, sujo de pó e de saudade.
3.
formar-se-á então um plano homogêneo,
de matéria densa, indetectável,
incessante fluir cuja meta é não haver nenhuma
tê-la ciranda extravagante, samba-canção de imagens,
universo canibal de palavras, ema insaciável,
arrota e defeca um supra alimento, um contrassenso digestivo.
4.
daqui, apenas eu -
admirado.
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