cai cai balão
queime tudo
queime não.
cai cai balão
cai aqui
ali não.
cai cai balão
lá na rua
lá no chão.
cai cai balão.
o quartel pegou fogo
dona chica admirou-se: vamos cirandar!
é mentira da barata.
cai balão, a canoa virou:
cai cai balão
cai cai sabão
cai cai anel
cai madrinha
cai sapo, lagoa, pé
cai jó, escravos,
cai índios,
cai.
28.4.09
27.4.09
23.4.09
16.4.09
insurreição
às vezes dói
(há o que purgar)
a dor decanta
às vezes corrói
escória escorre sua cor
pelo ventre
há quem não sinta
às vezes mói
denso, rombuda mó
esfarinha o ser, pó.
às vezes muda:
um broto brota fundo
raízes pululam
intumescidas umedecidas fincam-surgem
purga-se o asco o turvo o tosco
do corpo destilado
desabrocham-se pelos poros
florada da carne
a pele húmus perfeito.
transfigura-se em cores
toda dor.
flor.
(há o que purgar)
a dor decanta
às vezes corrói
escória escorre sua cor
pelo ventre
há quem não sinta
às vezes mói
denso, rombuda mó
esfarinha o ser, pó.
às vezes muda:
um broto brota fundo
raízes pululam
intumescidas umedecidas fincam-surgem
purga-se o asco o turvo o tosco
do corpo destilado
desabrocham-se pelos poros
florada da carne
a pele húmus perfeito.
transfigura-se em cores
toda dor.
flor.
6.4.09
arrepio
arrepio póstumo é memória cutânea.
mas, é além da memória (mero espectro)
vaga que retorna incólume.
ele é além, pois volta o mesmo
embora sem a presença do estímulo - este, já sombra.
eriçar das raízes
sempre o mesmo intenso
correr do esticar do pêlo
com cada inerte em seu lugar na corrente.
apêndices da pele em êxtase
a qualquer hora
paralisam todo o fluxo através do seu próprio
em êxtase filamentoso
o corpo oscila
entre o sono
e a sublevação.
mas, é além da memória (mero espectro)
vaga que retorna incólume.
ele é além, pois volta o mesmo
embora sem a presença do estímulo - este, já sombra.
eriçar das raízes
sempre o mesmo intenso
correr do esticar do pêlo
com cada inerte em seu lugar na corrente.
apêndices da pele em êxtase
a qualquer hora
paralisam todo o fluxo através do seu próprio
em êxtase filamentoso
o corpo oscila
entre o sono
e a sublevação.
3.4.09
ensaio de um dínamo com excitação separada para obtenção do nada
dançar
a
última
dança.
pisar o território transcendente
fruir o passo do tempo, infinito em suspensão.
mover-se fluido pela própria pele - nadador contido -
mover-se indefinido.
remover-se arrebatado
a última dança
o agora!
a
última
dança.
pisar o território transcendente
fruir o passo do tempo, infinito em suspensão.
mover-se fluido pela própria pele - nadador contido -
mover-se indefinido.
remover-se arrebatado
a última dança
o agora!
Do olhar
não vê quem olha o olho ali no rosto
não se sabe como a retina redonda enquadra
não se estampa o detalhe (ou o jogo) capturado
de onde a fotogenia do fungo ou do cimento?
por acaso há beleza num poste? num pepino?
saber do congelar indispensável à fotografia
ter, no olho, a agudeza do fio de navalha:
fatiar, do mundo, as cores certas, o gesto puro.
não se sabe como a retina redonda enquadra
não se estampa o detalhe (ou o jogo) capturado
no instante exato
no ar ou
no pensamento.
não se descobre por que caminhos o olho, a máquina e o dedo iluminam o corriqueiro.no ar ou
no pensamento.
de onde a fotogenia do fungo ou do cimento?
por acaso há beleza num poste? num pepino?
saber do congelar indispensável à fotografia
ter, no olho, a agudeza do fio de navalha:
fatiar, do mundo, as cores certas, o gesto puro.
(para Mairla Melo)
2.4.09
Biografia
aos 3 anos aprendi a aprender.
aos 7 tirava asa de cachorro.
aos 10 descobri o abismo entre meu pé direito e o esquerdo.
aos 13 percebi que minha orelha fora colocada de ponta-cabeça.
aos 15, as meninas.
aos 17 aprendi a apreender - também a dirigir.
aos 21 chorei.
aos 23 meu olho virou e vi diferente o que ainda era o mesmo.
aos 27 anos, esperar
aos 7 tirava asa de cachorro.
aos 10 descobri o abismo entre meu pé direito e o esquerdo.
aos 13 percebi que minha orelha fora colocada de ponta-cabeça.
aos 15, as meninas.
aos 17 aprendi a apreender - também a dirigir.
aos 21 chorei.
aos 23 meu olho virou e vi diferente o que ainda era o mesmo.
aos 27 anos, esperar
(to be continued...)
1.4.09
instante
evitar o temporão.
não ao descompassado fruto da impaciência,
às adstringências.
solapar todo passo incauto, cada anterioridade
elidir o caldo não fervido, a frase não cultivada
conter as explosões líricas
reprimir o evolar-se espontâneo.
não ao salto e ao zoom.
cautela:
passos controlados, respiração profunda
não há ato impensado, não mais o furo
cautela:
estica o braço e colhe a vida em plenitude
sem precocidades
só há o tempo certo
só há o descoberto.
(para Robisson Sete)
não ao descompassado fruto da impaciência,
às adstringências.
solapar todo passo incauto, cada anterioridade
elidir o caldo não fervido, a frase não cultivada
conter as explosões líricas
reprimir o evolar-se espontâneo.
não ao salto e ao zoom.
cautela:
passos controlados, respiração profunda
não há ato impensado, não mais o furo
cautela:
estica o braço e colhe a vida em plenitude
sem precocidades
só há o tempo certo
só há o descoberto.
(para Robisson Sete)
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