25.3.09

Sobre a coisa boa, um exemplo

Coisa boa é comer. Coisa boa é dormir. Coisa boa é ...

Mas não só.
Há aquela coisa boa que é só sua
sem universalismos ou testamentos.

EXEMPLO:

[Para mim banho frio, a qualquer hora, é bom.
Mas coisa boa mesmo é chegar em casa,
cansado, dores múltiplas e pontiagudas,
tirar a roupa, o chuveiro quente,
mas, quente daquele de torneira semi-aberta
(que ferve), apagar a luz e:

1. água nos ombros;
2. cabeça inclinada;
3. olhos fechados.

Isto dito então até não
mais ser banho.
Até ser escalda.
Até descolar a pele do osso.
Até a simples noção 'banho'
ser alheia ao corpo.

Para isso, não bastam
o ferver da água da corrente elétrica, nem a escuridão, nem o corpo sob:

Sacrificar 10 anos no árduo treinamento
é preciso. Sem a purificação pelo fogo
não o há.

Após, aprende-se a aglutinar os cinco sentidos
em um: tato.
Só então na pele o sacrifício
só então se extrai de cada gota-chama de/no escuro
o toque anestésico da água.]

Final do EXEMPLO.

Coisa boa é isso. E comer. E dormir. E ...

23.3.09

(sem título)

Henrique.
Quando penso em você
Meu coração faz ique.
Só me justifique
do porque deste meu chilique.

p.s.: poema da van para mim, que gosto muito - dela e dele.

9.3.09

In memoriam

tuuuuuum

o estampido surdo
(do surdo e seu)
que - inexorável -
caminha
em direção ao
infinitum
.
.
.
tum
.
tum
.
tum
.
.
.

(para Carlão)

5.3.09

desverbarizar

na vida
tudo sempre vão

entremeios

para cima: nada
para baixo: nem escada
cada passo alçapão

cada abraço esbarrão

(para Virgínia Gonzaga)

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